09

  Gaara me deu um beijinho na bochecha e um abraço.

  - Fica com o casaco e me devolve depois da aula, pode ser?

  -  Claro, sem problemas. Obrigada por ... hoje.

  Disse meio sem jeito, não é todo dia que eu fazia aquilo com meus amigos. Fui em direção ao banheiro para chegar se havia alguma marca muito ... marcante?

  Ia andando distraída, pensando nos beijos , nas mordidas ... nos toques... ate esbarrar em um ser e quebrar meus lindos e quentes pensamentos.

  - Cuidado por onde anda!

  - Tinha que ser o senhor todo engomadinho Uchiha .

   Ele me olhou com cara de interrogação.

  - Cara, você ta com o blazer do colégio, a calça sem um amassadinho, o cabelo todo arrumadinho e partido pro lado. A blusa com todos os botões fechados. O que aconteceu com o cara malvado de ontem?

  - E porque isso seria ruim? são as normas da escola e ontem ... eu estava atrasado. De qualquer forma não é da sua conta. 

  - Normas ou não, é cafona. Me deixa arrumar ?

  - Não, não pode.

   Ignorei o não e comecei a arrumar mesmo assim

  - Ok, senhor Uchiha, não se mexa.

  Fui abrindo os botões do blazer dele com uma certa vergonha, apesar do que havia feito antes com Gaara, ele era meu amigo. O Uchiha estava bem longe, bem longe de algo assim. Entreguei o blazer para ele e abri dois botões da blusa, revelando parte de um tórax bem trabalhado. Subi a mão até seu cabelo e dei uma leve bagunçadinha.

  Me afastei um  pouco e olhei de longe. É, estava. ok.

 - Prontinho. Vá no banheiro e me diz o que acha, se não gostar pode voltar para aquela coisa brega.

  Não esperei ele responder e continuei meu caminho em direção ao banheiro feminino checar se havia alguma marca indesejada. Nenhuma marca, só uma pessoa. Uma péssima pessoa para encontrar naquele momento.

  - Ok, admito,sou culpada.

  Levantei os braços como se estivesse me rendendo.

  - Você pensa que eu não vi você e o Gaara na arvore? E que eu vi ele te levando pra casinha? VOCÊ DEU PRA ELE HINATA?

  - Calma menina, calma! Sim, eu fiquei com ele ... e sim nós também fomos pra casinha. Mas nós não transamos! Depois do Naruto....

  Eu abaixei a cabeça, lembrando daqueles péssimos momentos.

FLASHBACK

- Hina-chan, vamos!

- Calma Naruto, calma! meus pais... eles não vão estar em casa essa noite.

- E sua irmã, primo?

 - Não, ninguém. Meu primo está com meu pai , ajudando nos negócios e Hanabi na casa de uma amiga, minha mãe dando plantões.

 - Exatamente por isso, vem!

  Ele segurou de forma bruta minha mão e me 'jogou' pra dentro. Sentei no sofá olhando timidamente para ele. Nós já havíamos tidos beijos quentes, mas estar ali, a pouco passos de acontecer... me fez ficar com medo. E se doesse? E se sangrasse? E o pior de tudo, e se eu não gostasse?

 Ele não parecia ter problemas nenhum com  isso pois já estava tirando a blusa enquanto eu nem o sapato tinha tirado.

 - Hinata?

  Despertei dos meus devaneios.

  - A sua roupa... você não vai tirar?

  - É que eu estou com vergonha, entende?

  Ele veio andando em minha direção, subindo em cima de mim, me fazendo recostar no sofá. Me deu um beijinho no ouvido e começou a passar a mão pelo meu seio, por cima do vestido mesmo, sem nenhum carinho ou qualquer palavra doce. Nessa hora eu fiquei assustada.

  - Naruto, seja só um pouco mais gentil ... é minha ... primeira vez.

  A expressão de desejo dele mudou em questão de segundos para raiva, ódio e todas as emoções negativas que eu poderia imaginar.

  - VIRGEM? COMO ASSIM VIRGEM HINATA?

  Eu estava com medo. Ele parecia uma fera, algo descontrolado. Eu me tremia de medo, não havia ninguém ali pra me acudir.

  - Eu pensei que você soubesse... eu...  desculpas...

  - Você tem 16 anos, não é pra mim que você tem que pedir desculpas. Tchau Hinata. Boa noite para você.

  - Mas... mas ...

  Ele já havia ido embora, eu passei a noite ali, deitada no sofá, encolhida no meu próprio mundo. Foi a partir  disso que decidi que ninguém pisaria em mim. Ninguém.

FIM DO FLASHBACK

  -  Hina? Tem alguém em casa?

  - Desculpe Ino, estava  com os pensamentos longes.

 -  Ótimo. Com pensamentos longes, perto, distantes, você vai me contar exatamente o que aconteceu!

 - Foi bem simples Ino ...

  Ela pigarreou mostrando que de simples não tinha nada.

  - Posso continuar?

  - Por favor madame, continue.

  - Então, eu estava indo pra escola e encontrei com o Gaara e fomos ouvindo uma musica juntos. Eu não sei porque mas a musica que trouxe péssimas lembranças e quando vi já estava chorando. Ele ficou preocupado comigo e me levou a um lugar onde sempre ia pra pensar. E eu fiquei lá, junto dele.

  - Ta certo, e onde a parte quente se encontra?

  - Não seja apressada Ino, ja estou chegando nela. Então, continuando... Ele havia cochilado e eu cheguei perto de seu rosto para observar. Nunca tinha notado como ele era bonito sabe? Aquele cabelo ruivo, liso e natural. Seus olhos verdes ... quando dei por mim ja estava tão perto...

 - Tão perto...?

  Ela perguntou com curiosidade.

 - Tão perto que acordou. E ficamos ali, nos encarando, até ele tomar uma atitude. Ele colocou a mão no meu quadril e me fez sentar em cima dele. E ai você já sabe o resto...

  - Mas você... deu pra ele Hina?

  - Não, ainda não consegui superar aquele acidente com o Naruto.

  - Enfim, o recreio já vai acabar, vamos indo pra aula de matemática.

  - Eu o-d-e-i-o matética.

  - Todos odeiam Hina-chan, todos.

  Fomos para sala juntas, conversando sobre banalidades no caminho e rindo de coisas a nossa volta como quando alguém tropeçava ...

  - Ino ....

  - Que foi Hina?

  - Aquele ...

  Senti meus olhos encherem de água naquele momento. Era o Naruto, meu pequeno raio de sol, agarrado com minha Lua, com ... com ... com a minha irmã.

  - Vamos Hinata, vamos!

  Estava estatica, tudo parecia desmoronar na minha frente, tudo.

  - Ino, vai pra aula, eu vou pra enfermaria ficar lá um pouco. Deitar. Prometo, ta?

  - Eu não acho uma boa ideia, mas como sou ruim em matemática.... boa sorte amiga.

   Ela me deu um sincero abraço e foi em direção a sala. Fiz o que prometi e segui para a enfermaria com lagrimas correndo feito rios pelos meus olhos. Era inacreditavel. Bati três vez na porta, branca com uma cruz em vermelho, e ninguém abriu. Bati novamente. Nada. A enfermeira deveria estar fora. Entrei mesmo assim e fui em direção a uma maca vazia. Retirei o casaco e fiquei relembrando os momentos que tive com Naruto.

  Foram tantos beijos carinhosos, deveres feitos juntos ... abraços. Eu havia chorado no ombro dele quando perdi minha avó. Porque? Porque tinha que ser assim?!

  Alguém abriu a cortina com um olhar raivoso, o mesmo olha raivoso de sempre.

  - Você poderia fazer silencio? tem gente tentando dormir.

  Só poderia ser perseguição, ele de novo! mas dessa vez eu não iria brigar, não iria dar uma indireta. Meu humor estava lá longe para eu poder fazer isso. Se havia um poço, eu estava nele.

  - Sinto muito.

  Ele me olhou com cara de interrogação por alguns segundos antes de perguntar.

  - Está tudo bem?

  - Não. Acabo de ver minha irmã se agarrando com meu ex namorado. Ex namorado que nem sabia que havia terminado.

  Pela primeira vez não vi ódio em seus olhos e sim um misto de compreensão e tristeza. Ele saiu da cama dele e foi pra a minha, me olhando.

  - O tempo não vai curar sua dor.

  - Nossa, obrigada, isso me deixa muito melhor agora.

  - Mas talvez um amigo possa ajudar. Você tem amigos, não tem?

  - Tenho...

  - Deite Hinata, eu vou ficar aqui com você.

  O Uchiha comigo? Problemas sérios tinham acontecido. Eu obedeci e deitei na cama, me cobrindo.

  - Eu tinha uma namorada chamada Yuna. Eu a amava muito, era como um pequeno raio de sol na minha vida. Nós namorávamos ha 2 anos quando ela descobriu que tinha leucemia. Eu , seus pais, seus amigos... todos ficamos arrasados. Queria ficar perto dela o tempo todo. Seu cabelo era tão preto quando o dela, a unica diferença além do rosto eram os olhos, que os dela eram castanhos. Eu estou te contando isso para que saiba que perder alguém que morreu  não é a mesma coisa que alguém em vida. Você pode superar o Naruto, ainda vai sentir saudades, mas vai poder vê-lo. Ver seu sorriso.

  Eu mais uma vez estava com lagrimas nos olhos, nunca poderia ter imaginado que ele havia passado por isso... talvez essa fosse a razão de ser tão isolado, como um muro o protegendo de qualquer mal.

  Ele encostou a mão no meu cabelo e fez um leve carinho, sorrindo, que por algum motivo me fez aquecer por dentro, um calor gostoso.

  - Durma.

  Fechei os olhos e caí em um sono profundo.